Foi numa manhã solarenga de Verão que me encontrei com a Inês Maldonado, a quinta criativa desta rubrica histórias em papel.
A Inês é designer e, depois de algumas aventuras partilhadas, assume hoje em dia o seu trabalho a solo no ateliermaldonado. É designer e, acrescentaria eu, uma contadora de histórias incrível, que parte muitas vezes das memórias dos objectos que vai guardando (seus, da sua família única e de outras tantas com as quais se vai cruzando) e do encontro destas com as experiências que vai acumulando, para criar de forma única.
Partindo, uma vez mais, dos nossos desperdícios enquanto matéria-prima, criámos esta coleção de cadernos de capa mole, com costura colorida exposta e miolo pintado.
São cadernos simples, com o miolo todo liso que procuram promover o registo de ideias, esboços, rascunhos, anotações informais, no fundo tudo aquilo que uma sebenta pode conter. Foi assim que chegámos ao nome desta coleção - sebenta - um caderno simples, usado para desenhar, escrever e/ou planear, sem receios ou medos.
A quarta criativa da nossa rubrica histórias em papel é a joalheira Inês Telles, que assina a marca de joalharia em seu nome próprio.
As suas jóias (e acrescentaria ainda que a sua linguagem e espaços) são delicadas, elegantes e carregadas de simbolismo. É notória a influência da Natureza, das texturas, das diferentes culturas na suas peças e foi maravilhoso conhecer um pouco mais da sua história, da sua relação com o papel e do seu processo criativo.
A terceira criativa que tive a sorte de entrevistar, para a nossa rubrica histórias em papel, é a ilustradora Mariana Santos, mais conhecida como Mariana a Miserável.
Não entrarei em detalhes sobre a minha admiração e fascínio pela obra da Mariana (ela estar presente em várias colaborações beija-flor já diz de si muito), mas posso confidenciar-vos que, neste dia que falamos e pude conhecer mais em detalhe o seu atelier, objectos e influências, saí de lá a admirá-la ainda mais.
Tal como a própria, a sua obra é imprevisível, certeira, muitas vezes sarcástica, outras tantas dramática, mas sempre única.
A segunda criativa da rubrica histórias em papel é a portuense Catarina Azevedo, que muitos de vós conhecerão como autora do projeto Alfaiate do Livro.
A Catarina é designer de formação mas desde 2010 que, à conta de um acaso feliz, a sua área de trabalho se focou na encadernação. Diria que a Catarina, para além de muito humilde e disponível, é uma curiosa hábil, o que por si só já revela muito. Adora pensar sobre as coisas - porque são como são, como se fazem e como poderia ela fazê-las e/ou até melhorá-las - curiosidade essa que a levou a este mundo, onde alia o design (no desenho de um determinado produto) e a manualidade (dando forma aos mais variados desafios que lhe são propostos).
Histórias em papel é a nossa assinatura e é também o nome desta nova rubrica onde vos mostro a visão de alguns criativos - que partilham de uma certa afinidade pelo papel - tentando explorar as particularidades desta ligação. No fundo tento dar corpo (e foco) ao que há muito defendo: o papel enquanto instrumento de registo, de criação de histórias e memórias - agora do ponto de vista mais individual e criativo, destas pessoas que admiro e acompanho há muito.
A escolha da Raquel Graça, para estrear esta rubrica (a primeira de 12), foi intencional e cheia de significado, ora vejamos: fundou comigo o beija-flor (o que por si só já diz muito) e, apesar de já não ser sócia, continua a ser conselheira e referência, consequência direta da amizade que temos mas, essencialmente, da minha admiração pelo que é e pelo que faz.